sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Veja hoje! “Ninguém é Ninguém em Curitiba” em frente ao Palácio Avenida

Performance chama a atenção da “invisibilidade” dos mais de 1.700 moradores de rua

Em frente ao Palácio Avenida, no calçadão da Ruza XV de Novembro, a partir das 18h30, atores, dançarinos, cantores e estudantes ocuparão parte da calçada. Com cobertores, papelões, sacos plásticos, eles chamarão a atenção dos passantes para a situação de invisibilidade social de mais de 1.700 moradores de rua de Curitiba.  
A performance “Ninguém é Ninguém em Curitiba” foi idealizada pela artista M. Inês Hamman. Sob sua coordenação, os participantes com máscaras sem expressão ou feição deitarão na calçada. A movimentação, em ritmo lento, deseja causar um estranhamento nas pessoas que estiverem assistindo. E, a partir desse sentimento de estranheza, provocar uma sensibilização das condições de vida e de risco desses cidadãos que vivem hoje nas ruas da cidade. “Além de diferentes tipos de violência a que estão sujeitos, essas pessoas em situação de rua sofrem também com a indiferença. Eles parecem ser invisíveis à pressa do cotidiano”, diz M. Inês.

“Nossa ação tem por objetivo quebrar esse automatismo do dia-a-dia, provocado pela pressa, pela – cada vez maior – velocidade da vida”, explica a artista. “Com a ruptura desse cotidiano, poderemos ver essas pessoas que vivem em situações precárias, até nos sensibilizarmos e ajudarmos da forma como for possível; nem que seja conversando e ouvindo suas histórias”, complementa.

A performance - A ação performática “Ninguém é Ninguém em Curitiba” tem o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC) da UFPR. A produção é assinada pela PalavrAção Cia de Teatro da UFPR.  E os artistas participantes são membros dos grupos artísticos da UFPR, como a própria PalavrAção, o Coral, e o Téssera, estudantes do curso de Produção Cênica, do SEPT-UFPR (Setor de Educação Profissionalizante e Tecnológica), e também estudantes do curso de Teatro da Unespar.

Durante a performance, serão distribuídos aos passantes pequenos pedaços de papéis com o título da ação “Ninguém é Ninguém”, de um lado; e, no verso, as frases: “Assim como você... Todos temos um nome, uma história. Em Curitiba, somos mais de 1.700 vivendo na rua”.

Pelas previsões da performer e criadora do projeto, a atividade deve demorar cerca de 30 a 40 minutos. “Queremos que todas as ações dos participantes sejam bem lentas para provocar a quebra dessa vida em velocidade que nos atropela”, salienta.

A artista - 
M. Inês é também Maria Inês Hamman Peixoto, professora aposentada do Setor de Educação da UFPR. Ela possui graduação em Filosofia, pela PUC-PR, graduação em Pedagogia pela UFPR, onde também obteve seu Mestrado em Educação. E, em 2001, ela recebeu o título de Doutora em Educação, pela Unicamp. Como professora e pesquisadora, Maria Inês trabalhou com os temas: Arte, Educação, Filosofia, Estética.
Ao trazer para a rua e tornar público o debate, a artista reforça seu compromisso com uma arte engajada e pública, como o faz desde sua primeira performance. Em 1996, ela performou “A Sentença”, na Praça Zacarias, em Curitiba. “A atuação, com a interação do público, acabou durando mais de seis horas; sendo interrompida apenas pela falta de energia elétrica, após uma tempestade que caiu naquela noite”, lembra Maria Inês.

Serviço
Ninguém é Ninguém em Curitiba
Data: 29/09/2017
Horário: 18h30min
Local: Calçadão da Rua XV de Novembro - entre a Travessa Oliveira Bello e a Alameda Dr. Muricy

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Preparativos para a performance

A performer M. Inês Hamman em mais uma tarde de ensaios com os participantes da performance "Ninguém é Ninguém".
Ela se encontrou com membros dos cursos de Extensão da Palavração Cia de Teatro da UFPR e do Coral da UFPR.
O encontro foi realizado na tarde de sábado (23/09), na Sala Hugo Mengarelli, da Palavração.







Texto e fotos: Daniel Patire

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Como não fazer "teatro no teatro"


A visita de Hugo Mengarelli para ver um ensaio de “Sociedade dos Ratos” foi o que marcou a terça-feira dia 12 na Companhia. O mestre orientou a prática da razão orgânica, e aplicou um exercício de improviso, dirigindo os trabalhos do dia. As duas atividades serviram para ele tecer considerações sobre a energia de cada um e incentivar a busca da verdade cênica pelo descobrimento do Dom.
                Foi uma grande oportunidade para os integrantes que entraram este ano tirarem dúvidas sobre a prática da razão orgânica e para os demais um mergulho nos seus elementos básicos, como o reconhecimento do espaço e interação com ele sempre como se fosse a primeira vez e a descoberta individual dos ritmos de cada respiração (torácica, abdominal e intercostal). Afinal, como lembrou Hugo, nem sempre sobra tempo para se fazer a razão orgânica prestando atenção em todos os seus detalhes, e assim eles podem se perder no dia-a-dia. Por isso mesmo o ideal é que todos se familiarizem o suficiente com a prática para que, não necessariamente o diretor da peça, todos os integrantes possam conduzi-la coletivamente, e cheguem ao ponto que cada qual tenha a autonomia de fazê-la por si mesmo, antes de entrar em cena, segundo o seu próprio ritmo. O que já foi posto em prática no exercício de improviso: antes de começar, cada dupla fazia rapidamente a razão orgânica, para retomar a concentração e se conectar com o outro.
O Dom, segundo ele, é saber dar energia e elementos para o parceiro em cena, mas também saber recebê-los do outro, cada um permitindo ser modificado pelo que é transmitido no momento mesmo que recebe, e assim vai-se construindo um jogo entre os atores diante dos olhos do público, que é o que dá a verdade em cena: é preciso saber quando desistir da própria ideia para comprar a alheia, quando não ceder, quando receber modificando o recebido, para validá-lo sem que atrapalhe o jogo em desenvolvimento. Esta é a magia do teatro. Sem isso, só se “faz teatro no teatro”. O exercício de improviso serviu para que os atores, alternando-se no palco e na plateia, percebessem isso.
Desse encontro, que acontecerá mais vezes ainda este ano, conforme combinado com o Mestre, fica aquela sensação de comemoração de retomar a travessia com a presença de seu criador (ora aposentado na UFPR) com mais frequência nas práticas da PalavrAção.

Por ASCIM Palavração: 
Texto: Ana Superchinski.
Edição: Sergius Ramos. 



sábado, 16 de setembro de 2017

Ninguém é ninguém em Curitiba

Performance é idealizada para sensibilizar curitibanos sobre situação de moradores de rua.

 A performer M.Inês Hammam fez uma oficina com integrantes dos cursos de extensão da PalavrAção Companhia de Teatro da UFPR na tarde deste sábado, 16 de setembro. O grupo foi apresentado as ações que serão executadas na performance “Ninguém é Ninguém em Curitiba”. O encontro foi realizado na Sala Hugo Mengarelli, no Prédio Histórico da UFPR.

A ação, que ocorrerá no dia 29 de setembro, a partir das 18h30, na região do Palácio Avenida -  prédio importante para a cidade, tem por objetivo provocar por quem lá estiver reflexões sobre a situação dos moradores de rua. Para a artista, essas pessoas viventes em situação de risco sofrem, para mais do que toda uma série de preconceitos, de uma invisibilidade social. "Além de chamas a atenção para esses moradores da nossa capital, queremos entender também como podemos mudar essa 'invisibilidade'", disse.


“Ninguém é Ninguém em Curitiba” contará com o apoio da PalavrAção, e de outros grupos artísticos da UFPR e da FAC, e faz parte do calendário de ações de Extensão da Federal. Com mais de 80 artistas, a performance ocupará uma área de mais de 700 metros de calçadas.




“Vamos ocupar a região da Rua XV de Novembro. E, além dos participantes que estarão performando, teremos integrantes conversando com o público. E isso é importante para sabermos como foi a recepção do que propomos”, explicou Maria Inês.



Texto, Foto e Vídeo: Daniel Patire

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Arte para sensibilizar e transformar

Parceria entre performer e a CIA PalavrAção busca dar visibilidade aos moradores de rua

A performer Maria Inês Hamann Peixoto conversou com os participantes do Curso de Extensão de formação de atores – Módulo I – Teatro de Comédia. Ela convidou-os para realizarem a performance “Ninguém é Ninguém”, com o intuito de sensibilizar os curitibanos quanto a situação dos moradores de rua da cidade. A artista visitou a sede da Cia na tarde desta sexta-feira, 1º de setembro.
“A intensão é chamar a atenção dos transeuntes, mostrando para eles que as pessoas viventes em situação de risco, como os moradores de rua, não são invisíveis, como também o seu número é crescente na capital paranaense”, explicou Maria Inês. 

Além da participação do grupo do módulo I, devem atuar na performance membros da Cia e também participantes do segundo módulo do curso de extensão, de acordo com Sergius Ramos, diretor de produção da PalavrAção. “Acreditamos na ação para transformar nossa realidade. E apoiaremos a ação de todas as formas que pudermos”, salientou.
“Ninguém é ninguém” acontecerá na última semana de setembro nas ruas próximas a Praça Zacarias, no centro de Curitiba. 


A artista
Maria Inês é também professora aposentada do Setor de Educação da UFPR. Ela possui graduação em Filosofia, pela PUC-PR, graduação em Pedagogia pela UFPR, onde também obteve seu Mestrado em Educação. E, em 2001, ela recebeu o título de Doutora em Educação, pela Unicamp. Como professora e pesquisadora, Maria Inês trabalhou com os temas: Arte, Educação, Filosofia, Estética, Marxismo.
Como artista, sua primeira performance data do ano de 1996, quando realizou “A Sentença”, na Praça Zacarias, em Curitiba. “A atuação, com a interação do público, acabou durando mais de seis horas; sendo interrompida apenas pela falta de energia elétrica, após uma tempestade que caiu naquela noite”, lembra Maria Inês.

Sob um cubo de gelo de 130 quilos, a performer se colocou vestida de algoz e também acorrentada, sendo ela mesmo a representação da juíza, executora e prisioneira de uma sentença.  À frente da artista postada embaixo do gelo que derretia, uma série de fotos de detalhes da instalação eram oferecidas aos passantes com o título “Escolha e leve a parte da sentença que lhe cabe”. Dentro do cubo, um coração de boi ia se revelando aos poucos. A intensão de Maria Inês era dá-lo ao público, quando do derretimento total do gelo.
A performance foi motivada pelas críticas e polêmicas em torno do 53º Salão Paranaense, realizado naquele ano, e que tinha sua abertura marcada para o mesmo dia em que a artista montou sua instalação, 19 de dezembro. Naquele ano, a instalação de Maria Inês, bem como de outros dois artistas foram aprovadas para participar do salão, após uma seleção com a participação pública, e depois desclassificadas sem justificativa.
Com “A Sentença” na rua, a artista conseguiu alcançar um público que possivelmente não teria no MAC (Museu de Arte Contemporânea do Paraná).

A partir dessa performance, ela realizou muitas outras ações de sensibilização nas ruas de Curitiba e outras cidades do país. E o fruto da reflexão das performances e da recepção do público é sua tese de doutorado “Relações Arte, Artista e Grande Público: a prática estético-educativa numa obra aberta”.

Texto: Daniel Patire
Foto do Encontro: Nicole Micaldi
Foto da Performance "A Sentença": Acervo pessoal da artista Maria Inês Hamann Peixoto