sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Como não fazer "teatro no teatro"


A visita de Hugo Mengarelli para ver um ensaio de “Sociedade dos Ratos” foi o que marcou a terça-feira dia 12 na Companhia. O mestre orientou a prática da razão orgânica, e aplicou um exercício de improviso, dirigindo os trabalhos do dia. As duas atividades serviram para ele tecer considerações sobre a energia de cada um e incentivar a busca da verdade cênica pelo descobrimento do Dom.
                Foi uma grande oportunidade para os integrantes que entraram este ano tirarem dúvidas sobre a prática da razão orgânica e para os demais um mergulho nos seus elementos básicos, como o reconhecimento do espaço e interação com ele sempre como se fosse a primeira vez e a descoberta individual dos ritmos de cada respiração (torácica, abdominal e intercostal). Afinal, como lembrou Hugo, nem sempre sobra tempo para se fazer a razão orgânica prestando atenção em todos os seus detalhes, e assim eles podem se perder no dia-a-dia. Por isso mesmo o ideal é que todos se familiarizem o suficiente com a prática para que, não necessariamente o diretor da peça, todos os integrantes possam conduzi-la coletivamente, e cheguem ao ponto que cada qual tenha a autonomia de fazê-la por si mesmo, antes de entrar em cena, segundo o seu próprio ritmo. O que já foi posto em prática no exercício de improviso: antes de começar, cada dupla fazia rapidamente a razão orgânica, para retomar a concentração e se conectar com o outro.
O Dom, segundo ele, é saber dar energia e elementos para o parceiro em cena, mas também saber recebê-los do outro, cada um permitindo ser modificado pelo que é transmitido no momento mesmo que recebe, e assim vai-se construindo um jogo entre os atores diante dos olhos do público, que é o que dá a verdade em cena: é preciso saber quando desistir da própria ideia para comprar a alheia, quando não ceder, quando receber modificando o recebido, para validá-lo sem que atrapalhe o jogo em desenvolvimento. Esta é a magia do teatro. Sem isso, só se “faz teatro no teatro”. O exercício de improviso serviu para que os atores, alternando-se no palco e na plateia, percebessem isso.
Desse encontro, que acontecerá mais vezes ainda este ano, conforme combinado com o Mestre, fica aquela sensação de comemoração de retomar a travessia com a presença de seu criador (ora aposentado na UFPR) com mais frequência nas práticas da PalavrAção.

Por ASCIM Palavração: 
Texto: Ana Superchinski.
Edição: Sergius Ramos. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário