Foi
uma grande oportunidade para os integrantes que entraram este ano tirarem
dúvidas sobre a prática da razão orgânica e para os demais um mergulho nos seus
elementos básicos, como o reconhecimento do espaço e interação com ele sempre como
se fosse a primeira vez e a descoberta individual dos ritmos de cada respiração
(torácica, abdominal e intercostal). Afinal, como lembrou Hugo, nem sempre
sobra tempo para se fazer a razão orgânica prestando atenção em todos os seus
detalhes, e assim eles podem se perder no dia-a-dia. Por isso mesmo o ideal é
que todos se familiarizem o suficiente com a prática para que, não
necessariamente o diretor da peça, todos os integrantes possam conduzi-la
coletivamente, e cheguem ao ponto que cada qual tenha a autonomia de fazê-la
por si mesmo, antes de entrar em cena, segundo o seu próprio ritmo. O que já
foi posto em prática no exercício de improviso: antes de começar, cada dupla
fazia rapidamente a razão orgânica, para retomar a concentração e se conectar
com o outro.
O Dom, segundo
ele, é saber dar energia e elementos para o parceiro em cena, mas também saber recebê-los
do outro, cada um permitindo ser modificado pelo que é transmitido no momento
mesmo que recebe, e assim vai-se construindo um jogo entre os atores diante dos
olhos do público, que é o que dá a verdade em cena: é preciso saber quando
desistir da própria ideia para comprar a alheia, quando não ceder, quando
receber modificando o recebido, para validá-lo sem que atrapalhe o jogo em
desenvolvimento. Esta é a magia do teatro. Sem isso, só se “faz teatro no
teatro”. O exercício de improviso serviu para que os atores, alternando-se no
palco e na plateia, percebessem isso.
Desse
encontro, que acontecerá mais vezes ainda este ano, conforme combinado com o
Mestre, fica aquela sensação de comemoração de retomar a travessia com a
presença de seu criador (ora aposentado na UFPR) com mais frequência nas
práticas da PalavrAção.
Por ASCIM Palavração:
Texto: Ana Superchinski.
Edição: Sergius Ramos.